Era uma vez um menino muito curioso e aventureiro que gostava de conhecer as coisas do mundo. A mãe do menino vivia cortando suas asinhas e o menino começou a ficar amuado, birrento e chorão, quando sua curiosidade e espírito aventureiro ficavam adormecidos e o menino começou a se transformar em um pensador. Até que ele pensou: " minha mãe faz isso porque acha que eu não tenho pai! E não é tudo do jeito dela ou do meu jeito".

    Nos dias seguintes a mãe começou a notar o menino diferente: nem tão aventureiro e nem tão pensador, e ficou aliviada de não ter que estar o tempo todo tendo que observá-lo, passando até a pedir a ajuda do menino pra fazer algumas coisas que antes ela se forçava a fazer sozinha. O pai do menino, quando não estava trabalhando, estava nas praças e esquinas das ruas, e por isso, pouco conviviam.

    E o menino pensou: "se minha mãe quer que eu tenha um pai, então eu tenho". O pai também percebeu que o menino estava diferente e passou a conversar com ele sobre as coisas que tinha sabido da rua. Assim, a mãe passou a ver o brilho das asinhas do filho e o menino soube que poderia voar. O pai passou a levar o menino para as ruas e esquinas, e a acompanhar a possibilidade de voo do filho, quando acabou descobrindo que, mesmo dentro de casa, o mundo é muito maior que praças e esquinas.